quinta-feira, outubro 29, 2009

Sobre o fim do inverno




Era uma vez uma menina...

Ela não sabia bem se eram os ares do fim de agosto, mas aquele inverno já tinha mesmo o sabor da primavera. Talvez fossem as mãos dadas, os passeios diários, a praça, o futebol ou o videogame, no entanto, para ela, era só o perfume que ficava na brisa de cada palavra soprada por ele, isso bastava. E ele era a própria primavera, era o vento, a rosa, o vinho e o sol, tudo ao mesmo tempo.
Mas como em todo bom agosto, ou mau agosto-mau agouro, o coração da menina não passaria impunemente. A brisa veio, passou como um furacão e foi buscar outro jardim pra soprar suas palavras perfumadas. E ela ficou com o coração no escuro, no frio do final de um inverno que não teria fim tão logo.
Então ela se acostumou a enxergar sem o sol que lhe fora tirado e aprendeu a aceitar o que viesse, mesmo que fosse apenas um tantinho. Vieram tantos verões e tantas primaveras invernadas que ela já não se importava. E ele continuava a soprar perfumes por jardins que não lhe pertenciam, ele nem ao menos sabia da escuridão que a menina vivia, nem poderia...
E foi no fim de outubro, no meio de uma daquelas primaveras geladas que ela sentiu aquela brisa novamente, aquele mesmo perfume... É ele! Ele, que vem e promete o calor pra acabar com o inverno instalado no seu coração; ela aceita de bom grado, mas e se esse for um trato tardio, talvez não seja, quem sabe? Porque ele desaprendeu a ser vento, rosa, vinho e sol, e ela já não sabe se ainda pode se aquecer.

Então a menina espera pelo verão...





"Moço, maltratar não é direito
Essa mágoa no meu peito
Você sabe de onde vem
Isso é desamor
E não tem jeito
Um amor quando desfeito
Sempre faz alguém chorar
Eu chorei saudade
Tá doendo
E lá vem você querendo
Outra vez me maltratar..."

Maria Rita

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